quarta-feira, 9 de abril de 2008

Eu também pensei que era mentira.

No dia 31 de março (eu voto no 1 de abril) lembramos de um fato que manchou a história brasileira. Nas palavras de Chico Buarque foi uma grande surpresa para todos:

“Estava à toa na vida
o meu amor me chamou
pra ver a banda passar
cantando coisas de amor...”

Passeata no Rio de Janeiro (data desconhecida)

Eu trocaria o último verso para “uma onda de horror”. O terror de viver num país dominado por uma elite militar que além de centenas de mortes agravaram a situação econômica e social do Brasil com o aumento da dívida externa, destruiu sistemas básicos como educação e saúde, tiraram as liberdades pessoais (direito de habeas corpus, por exemplo), censurou a imprensa e instituiu a repressão (incluindo o fim de julgamentos e início de torturas e penas marciais).

Os membros da junta militar que governou o Brasil provisoriamente em 1969. 
Da esquerda para direita: general Lyra Tavares, almirante Augusto Rademacker 
e brigadeiro Márcio de Souza e Melo.

O fato principal que terminou com o golpe militar foi o medo da elite brasileira do “perigo vermelho” que se aproximava com o crescimento do socialismo no mundo. Ou seja, a elite tinha medo que o populismo do governo Jango fosse um indicativo de aproximação com o regime socialista. O pano de fundo dessa cultura do medo era a Guerra Fria que assombrava o mundo desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945), uma guerra não declarada de ideologias entre as duas grandes nações vencedoras da guerra e detentoras de poderio militar capaz de acabar com o mundo dezenas de vezes. Lembrando que só é preciso acabar uma vez com o mundo.


Costa e Silva, segundo presidente da ditadura militar brasileira, governou o país de 1967 a 1969,
época de estabelecimento do AI-5, o maior de todos os golpes dados contra as
liberdades democráticas no país (ao fundo o ministro Delfim Neto).

Parece mesmo mentira, mas toda a década de 80 e boa parte da década de 90 foram usadas apenas para reverter o quadro político-econômico deixado pela ditadura militar. Mais de uma década para tentar consertar o que foi estragado. Um período conhecido como década perdida, que ajudou s difundir culturas de revolta como a punk e a neonazista.

O regime ficou insustentável na metade dos anos 70 com a enorme dependência econômica do Brazil com relação ao capital estrangeiro. Lembramos que nessa época tínhamos o fortalecimento de indústrias multinacionais ligadas à indústria de automóveis no ABC paulista. Também tivemos a grande crise do petróleo, a concentração de renda, os baixos salários, os famosos arrochos e a repressão crescente.

Mostra da repressão policial em mais um protesto de estudantes no Rio.

Terminou assim o regime militar quando o presidente militar João Baptista Figueiredo deixou o cargo, quando foi dada anistia aos presos políticos e aos militares participantes da ditadura (inclusive ao delegado Fleury, torturador conhecido, que misteriosamente morreu afogado ao cair do seu barco poucos meses depois do final do regime).


Para ler:
História Concisa do Brasil (Boris Fausto)
O que é isso companheiro (Fernando Gabeira)
Direito à memória e à verdade (Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos)
Versões e ficções – O seqüestro da memória (Organização)

Para Assistir:
Batismo de Sangue
O que é isso companheiro?
Quase dois irmãos
O ano em que meus pais saíram de férias
Eles não usam blacktie
Zuzu Angel

5 comentários:

  1. Aquela foto que está o cidadão sendo espancado pelo soldado, este cidadão chamava-se Luiz Inácio da Silva, hoje Luiz Inácio Lula da Silva, e eu estava la presenciando esse dia.

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  2. Revisei as fotos que desapareceram do servidor original. Infelizmente não consegui achar referências sobre a foto.

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  3. Discordo do colega. Há muita inflamação e pouca história. Se estudar com cuidado verá que suas afirmações não são corretas e que há um forte fundo emocional, até mesmo infantil, de sua parte. Perdoe-me pela sinceridade.
    Além disso, reveja o português!

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  4. Realmente, não é um texto para livros de história, afinal, não sou historiador ou me considero um. O texto que escrevi apenas reflete a minha visão sobre os fatos, baseado, principalmente, nas biografias que passei. Não vi inflamação no texto, mesmo agora o lendo depois de anos. Não peço cabeças, não digo palavras de ordem. Dizer que as afirmações não são corretas, basta listar as incoerências. Sobre o português, realmente, não sou escritor, dei umas escorregadas, mas para registro eu decidi não alterar. Abraços.

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