quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Verissimo e seus textos desconhecidos somente dele

Particularmente apago 80% (estatística chutada!) dos e-mails que recebo de amigos, pois eles sempre me trazem aquelas mensagens edificantes que tanto odeio. Mensagens que deveriam me fazer relaxar, mas tamanho absurdo é seu conteúdo, com tantos erros, tantas filosofias baratas que me estresso. E a minha válvula de escape é apertar o DELETE, simples, e até divertido.

O mais interessante é que às vezes me deparo com um texto, de um autor famoso e que em nada reflete a sua obra. Sabe aqueles textos que parecem totalmente fora de lugar? Mais ou menos como Nietzsche falando que o super-homem idealizado por ele se aproxima do super-homem que figura nos quadrinhos da DC.

E o que me chamou a atenção foi ler uma matéria do Luis Fernando Verissimo dizendo que dentre 5 textos atribuídos a ele, quatro não eram. Um direito autoral as avessas, pois nesse caso um autor consagrado ganha de presente um texto em seu nome. Na verdade, um presente de grego.

Luis Fernando Verissimo
Os autores ganharam muito com a WEB, poder publicar seus textos sem a burocracia e o quem indica, facilitou muito seu trabalho. Porém, essa facilidade foi para todos. Nessa democracia teremos pessoas talentosas abrindo seus caminhos, e pessoas sem talento (me desculpem) jogando seus textos indiscriminadamente na nossa cara. Esse é um fato que temos que lidar, pois a democracia na internet possibilita que qualquer um , a qualquer momento, diga o que quiser.

O mais interessante é o uso do nome de autores como o do Luis Fernando Verissimo para essas aventuras literárias. Na verdade, isso mostra o quanto o autor tem credibilidade e o quanto seus textos são valorizados. Eu posso escrever qualquer coisa insinuando que é um texto do Luis Fernando Verissimo, distribuir e ele se tornar um sucesso só pelo nome do autor. Uma atitude levianamente baixa, que só mostra a falta de autoestima e caráter do pseudoautor.

Além do Verissimo ainda temos as inúmeras crônicas de Arnaldo Jabor, que "fala" desde a Primavera Árabe até receita pra curar chulé. Outro que sofreu com a maldição dos honestos escritores é Jorge Luis Borges, e seu famoso (não dele) poema Instantes, que ganhou notoriedade ao ser inspiração para a música Epitáfio dos Titãs. Nem mesmo os Titãs sabiam que aquele poema não era de Borges, não por total ignorância, mas por chegarmos a um ponto onde o Google nos diz que é, quem poderá duvidar?

Não que precisamos ser academicistas estúpidos em que tudo deve ter uma referência e que ela deve ser daqueles cinco autores elevados ao céu, mas procure pesquisar antes de repassar a ignorância. Se algo te parecer com uma mensagem edificante, tenha bom gosto, não repasse.


Texto que explica a falsidade do texto atribuído a Borges aqui.
Matéria com Luis Fernando Verissimo falando sobre os falsos textos aqui.

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