Morre aos 27 anos a cantora Amy Winehouse

Uma garota londrina de aspecto esquisito, mas com uma voz poderosa. Não quero fazer aqui mais uma daquelas lamentações póstumas para um ídolo POP que se vai aos 27 anos. Isso será feito por toda a imprensa ao longo dos dias, até que outra notícia fresca e trágica apareça. Se ninguém acreditava que aquela menina magrela seria uma ótima cantora, o mundo comprovou isso anos depois.

Amy Winehouse não criou nada, não reinventou, não mudou o mundo da música. Ela não foi um Milles Davis. Uma menina branquela ao subir no palco se espera uma voz doce e letras melosas. Essa não era Amy, sua voz era grossa, tão grossa quanto as pessoas que a magoaram na infância. Suas letras afiadas e diretas, pois foi assim que ela aprendeu a se defender do mundo. Sua atitude embriagada e viciada eram a única forma que ela aprendeu para poder esquecer todos os seus traumas e a vida que lhe machucava. É isso que ela me mostrava de diferente. Ela era ela, e sofria de uma forma tão intensa que se destruía em público ao mesmo tempo que criava.

Quando você é tudo de errado e mesmo assim as pessoas param para te ouvir e te elogiar, tenha certeza que você tem o poder. E ela tinha, numa mistura de blues e soul na voz, metais de jazz band no som, prendeu a atenção. Os críticos bateram palmas e o público consumiu. Amy virou moda, sua música, seu cabelo, seu lápis de olho, suas roupas, seus sapatos. E pior, cantava pra cacete. Saciava o público modista e estasiava o público chato intelectual.

Ela se foi cedo, com apenas 27 anos, dois álbuns completos (O primeiro simplesmente incrível) e um por terminar. Todo mundo sabia que ela iria antes do tempo, muitos supersticiosos tinham certeza que seria aos 27. Sinceramente eu desejava que ela abandonasse o sucesso, pegasse sua grana e fosse viver o resto dos seus dias numa praia escrevendo e fazendo shows para pequenos públicos. Como sempre, a pior escolha prevaleceu.

Setembro de 1983 - Julho de 2011