terça-feira, 13 de setembro de 2011

Nevermind: 20 anos depois

13 de setembro de 1991 acontecia o lançamento não oficial de um divisor de águas na indústria da música. Em um pequeno bar em Seatle, o Re-Bar, Kurt Cobain, Kris Novoselic e Dave Grohl mostravam para um pequeno grupo o que durante algumas semanas lapidaram em um estúdio. Era Nevermind, o álbum que com uma marreta derrubou o muro que existia entre o mundo das pessoas normais e o seleto mundo alternativo.



Naquele momento o rock farofa vivia seu declínio, bandas como Kiss e Poison já não vendiam como antes . Enquanto isso alguns garotos saídos do fundo das universidades, como o REM, e saídos das praias da Califórnia, claro que é o RHTP, vendiam como água. E isso era quase inexplicável, pois suas letras e sua música não eram nada parecido com aquilo que estava vendendo até então.

Banda Poison

Com esse potencial mercadológico sinalizando as gravadoras começaram a garimpar na cena alternativa algumas bandas. O Nirvana foi uma delas, sem muita explicação e até como surpresa Nevermind caíu no gosto do grande público, talvez porque as letras criptografadas de Kurt Cobain faziam algum sentido naquele momento, junto com um som que ao mesmo tempo ensurdecia e expressava a raiva por tanto tempo reprimida na juventude. Os pais queriam morrer quando seus filhos apareceram em casa com calças jeans rasgadas e camisas de flanela. A primeira por causa do skate, a segunda por causa do frio de Seatle e herança dos lenhadores da cidade.



Não queríamos mais ser machões com camisetas que mostravam os pêlos do peito e usar aquelas cabelos de cachorro poodle. Nós vimos um mundo dividido na nossa infância e que perdia todo o sentido com o fim da URSS. Não tínhamos futuro, não tínhamos sonhos, não tínhamos mais um inimigo. O punk se foi e não mudou nada. Fomos abandonados por nossos pais e por todos aqueles que deveriam nos proteger. Assistíamos TV como se ela fosse a nossa babá. Comíamos porcarias. E isso não nos fazia feliz.



Ao ouvir Smells Like teen spirit sentimos o cheiro daquilo que era jovem, voltamos a sentir o espírito jovem no ar. Um frio correu na espinha e voltamos a ser o que deveríamos ser: jovens. E o preço dessa responsabilidade para o Nirvana foi alto, principalmente para Kurt Cobain.



Durante cerca de 3 anos ele foi o porta-voz daquela geração, sem nunca ter quisto isso. Ao unir dois mundos ele liberou o que de pior temos no pop, a massa. Ela queria saber tudo sobre aquilo que acontecia, queria consumir tudo aquilo que via pela frente, queria, comprava, consumia, perseguia. Isso era demais para uma pessoa que só queria ser feliz e não conseguia. Ele teve tudo o que um cara sonhava, sucesso, fama, dinheiro, reconhecimento, e mesmo assim se sentia um merda. Ele ele só tinha 27 anos.


A bolha da invasão alternativa estourou com a mesma bala que levou Kurt desse mundo. Todas aqueles oportunistas que queriam fama embarcando na onda grunge se acabaram. Poucas, e sinceras, bandas permanecem até hoje. Quem ganhou dinheiro ganhou, as gravadoras foram pra próxima onda, junto com a massa. O rock ganhou novos rótulos e foi cada vez mais massificado e diluído, junto com a capacidade das pessoas de refletir. O alternativo voltou para o seu cantinho, claro, hoje um cantinho um pouco maior e mais democrático com a popularização da internet.

Mas 20 anos depois me pergunto, quando vamos novamente sentir o cheiro do espírito jovem na música? Nerver in my mind.



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